A ideia de americanos no Brasil em busca de talentos no beisebol parece tão absurda quanto brasileiros desembarcarem na China atrás de um novo Neymar.
Só que é justamente isso que vieram fazer no Brasil os representantes da Major League Baseball (MLB), uma das mais importantes ligas esportivas dos Estados Unidos. Ex-jogadores e técnicos realizaram uma clínica intensiva para testar atletas juniores do esporte. A temporada de treinos começou no último final de semana em Ibiúna no centro de treinamento da Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol. A atividade, que foi prestigiada pelo cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, faz parte da estratégia de marketing da MLB para tornar o esporte mais conhecido no país. Em um campo de jogo, mais de cinquenta garotos entre 14 e 17 anos corriam, faziam lançamento e davam rebatidas sob o forte calor que fazia na cidade. Entre tantos atletas o mariliense Luis Gustavo, que não conseguiu aprovação nas edições 2010, 2011, conseguiu sua oportunidade e foi chamado para seguir treinando em Ibiúna. “Nos anos anteriores passei por essa seletiva, mas infelizmente não fui notado e acredito que este ano será diferente. O olheiro da Major League gostou do meu estilo de jogo e pretendo me dedicar para conquistar um contrato futuramente. Eu tenho muita vontade de ser jogador de beisebol e sei que no Brasil esse esporte não é valorizado. Para realizar esse sonho preciso conquistar uma vaga em uma equipe americana”, afirmou o mariliense que vive a expectativa de ser selecionado pela MLB. No treinamento um tradutor explicava para os atletas as instruções dos treinadores americanos. Na arquibancada, menos de cem pessoas acompanharam as atividades, incluindo outro americano residente no Brasil e muito conhecido nos Estados Unidos, o ex-jogador Barry Larkin, um dos ídolos do esporte nos anos de 1990 e integrante do Hall da Fama. É importante ressaltar que Larkin é o atual treinador da seleção brasileira de Beisebol.
Apaixonados
“Os jogadores brasileiros são apaixonados pelo esporte e fiquei impressionado com esse amor. Há três anos quando eu cheguei ao Brasil fiquei impressionado com a dedicação dos atletas. E acredito que esse é o segredo que vai ajudar o esporte a crescer por aqui”, revelou Larkin que ajudou o Brasil a garantir vaga no mundial de beisebol. De acordo com Robert Rowley, um dos instrutores do MLB os brasileiros têm muito talento e a habilidade dos atletas o impressiona a cada teste realizado. “O Brasil está melhorando muito rápido. Um garoto brasileiro de 14 anos tem uma habilidade incrível, coisa que os jovens do nosso país não chegam nem perto”, exagerou Rowley que ainda afirmou: “Pelo menos três jogadores têm condições de treinar em times profissionais” O que cada um desses garotos busca é ter a oportunidade de atuar numa liga milionário. O New York Yankees, o mais rico de seus trinta integrantes, paga salários médios anuais equivalentes a 14 milhões de reais. O atual ídolo mais bem remunerado do esporte recebeu em R$2010 55 milhões reais, quatro vezes mais do que Ronaldinho Gaúcho recebe para atuar no Atlético-MG.
R$ 1,7 milhão
Oportunidade que foi agarrada pelo arremessador Luiz Gohara, da cidade de Bastos (a 104 quilômetros de Marília) considerado uma das grandes promessas do beisebol brasileiro, assinou contrato com o Seattle Mariners, equipe da MLB. O valor da transferência do atleta é o maior da história para um jogador do esporte no País. O valor pago pela contratação é de US$ 880 mil (cerca de R$ 1,7 milhão) por seis anos, sendo que o jogador ganhará um salário mensal de US$ 850 (cerca de R$ 1,7 mil), com previsão de aumentos progressivos. Gohara, 16 anos, chama atenção desde os 14, quando se destacou em um acampamento para jogadores que reuniu cerca de 40 brasileiros em Ibiúna para serem observados pelos mesmos olheiros e técnicos das equipes da MLB. Desde então, o atleta se tornou o principal nome da equipe júnior da Seleção Brasileira de beisebol, incluindo o Torneio Internacional de Verão, disputado nos EUA, que teve o Brasil como campeão e Gohara eleito como melhor jogador. O jovem atleta é mais um marco para a afirmação do beisebol brasileiro dado em 2012. Em maio deste ano, Yan Gomes se tornou o primeiro brasileiro a jogar na MLB, pelo Toronto Blue Jays, e a acertar um home run, em partida contra o New York Mets. A Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol, parceira da iniciativa, esperam que a clínica ajude a melhorar o nível técnico do esporte no país. Na última edição dos Jogos Pan-americanos, em 2007, no Rio de Janeiro, a equipe brasileira foi eliminada na primeira fase, com uma vitória (para a Nicarágua) e duas derrotas (República Dominicana e Estados Unidos). Já na temporada passada a seleção brasileira de beisebol venceu o Panamá por 1 a 0 e garantiu vaga no World Baseball Classic 2013, o mundial da modalidade. “Temos um projeto voltado para crianças para que o Brasil tenha um time competitivo em 2020”, diz Jorge Otsuka, presidente da entidade que comanda o esporte no Brasil.
Marília
É importante lembrar que quatro atletas que fizeram parte da equipe Beisebol do Brasil já atuaram pelo time do Nikkey Clube de Marília e atualmente jogam no exterior (Estados Unidos, Venezuela e Japão). Além deles o atleta e técnico de Beisebol que atua em Marília, também foi convocado para fazer parte da seleção no torneio. Os atletas são Felipe Augusto Burin, (EUA), Iago H. Januário (Venezuela), Pedro Ivo Okuda (Japão) e Juan Carlos Muniz Armenteros (atleta e Técnico do Nikkey).
Fonte: Jornal Correio Mariliense
7/2/2013
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